Abstract:
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Introdução: A via inalatória, através dos diversos dispositivos inalatórios, tem sido a
mais utilizada no mundo para a administração de fármacos no tratamento de condições
respiratórias frequentes como a asma e a DPOC. No entanto, sabe-se que na prática os erros
da técnica de utilização destes dispositivos são muito frequentes e variam de 14 a 92%. Desta
forma, o conhecimento da técnica inalatória adequada é fundamental para os profissionais e
estudantes da área da saúde.
Metodologia: Estudo transversal observacional que avaliou o conhecimento teórico
da técnica inalatória entre os graduandos (da 3ª a 12ª fases) do curso de medicina da UFSC
por aplicação de questionário. Os participantes responderam a um questionário online
“google-forms” estruturado com perguntas objetivas de múltipla escolha nas três seções.
Avaliou-se o conhecimento geral para 3 dispositivos inalatórios: ID ( Inalador dosimetrado) e
de dois IPO (Inalador a pó tipo anestésico); e de forma específica através da frequência de
orientação correta da técnica inalatória para ID e TurbuhalerⓇ. Além disso, comparou-se o
conhecimento geral sobre ID, AerolizerⓇ e TurbuhalerⓇ e também a frequência de
orientação correta da técnica inalatória entre graduandos das fases iniciais (FIs) e finais (FFs)
para ID.
Resultados: A maioria dos participantes estudantes nunca havia orientado o uso dos
três inaladores: ID (n=64,1%), turbohaler (n=95,8%) e aerolizer (n=91,7%). A maioria
(83,3%) desconhecia que os três estão disponíveis no SUS. No mínimo 50% dos participantes
não sabem orientar nenhum dos passos da técnica inalatória do ID e mais de 70% deles não
sabe orientar para TurbuhalerⓇ, consideradas como etapas orientadas de forma correta não
ultrapassam mais do que 61,4% para ID e mais do que 25,5% para TurbuhalerⓇ. As etapas
mais orientadas corretamente para ID foram: agitar o frasco (61,4%), remover a tampa
(52,4%), orientar a possibilidade de acoplamento a espaçador com máscara (51,0%),
posicionamento do inalador (48,3%) e orientar expirar o máximo possível (47,6%). Os
seguintes itens foram os mais corretamente orientados para turbuhaler: orientar a posição da
cabeça para inalação (25,5%) e orientação de expiração máxima, (18,6%) giro da base 3
vezes para acionar a primeira dose (18,3%).
Dentre as etapas, a frequência da orientação incorreta para ID foi: 52 (35,9%) na
inspiração (rápida, ou pouco profunda), 43 (29,9%) não acham suficiente higienização do ID
com pano úmido, 41 (27,9%) orienta uma única inalação do ID com o uso do espaçador 30
(20,1%) orienta próxima inalação em menos de 60 segundos. Já para TurbuhalerⓇ foi:
ausência do acionamento da primeira dose em um novo TurbuhalerⓇ (17,8%), orientação do
posicionamento (13,1%), tempo inadequado para aplicação da segunda dose (8,5%). Ao se
comparar as frequências de OC das FIs 62 participantes com as FFs 83 participantes, não
houve diferença estatística no que se refere a uso regular de algum inalador ou ter algum
familiar em uso. Os graduandos das FFs estavam mais informados em relação à
disponibilidade dos 3 inaladores no SUS (p<0,02), receberam mais explicação sobre ID
(92,8%)(p< 0,001), presenciaram alguém utilizando o ID (91,6%)(p<0,001); bem como
(57%) explicaram o uso para algum paciente ou amigo de forma significativamente maior em
relação às FIs. (p=0,03). Quanto ao turbuhaler, quase metade dos estudantes de FFs (45,8%)
recebeu significativamente mais explicação sobre o uso, em relação às FIs (4,8%). Não houve
significância estatística para “presenciar paciente/amigo em uso do TurbuhalerⓇ . A
comparação da frequência da orientação correta dos participantes das FFs sobre as etapas da
técnica do inalador dosimetrado foi significativamente maior do que aqueles indivíduos
pertencentes às FIs para todos os passos. (todos p<0,01). Um pouco mais de um terço dos
participantes (53/38,1%) gostaria de participar de um breve programa educacional com
demonstração da técnica inalatória.
Conclusão: Os graduandos de medicina da UFSC apresentaram pouco
conhecimento geral sobre o uso de inaladores. A maioria dos participantes das fases finais
declarou ter recebido instrução ou observou o passo-a-passo da técnica inalatória do ID. Os
graduandos demonstraram baixo conhecimento específico das etapas quanto à orientação de
técnica inalatória do ID e muito baixo para TurbuhalerⓇ. Os graduandos demonstraram
melhora do conhecimento específico das etapas quanto à orientação de técnica inalatória do
ID, de no mínimo 2 vezes ao longo do curso. |