Potencialidades e limites de uma proposta de atividade experimental de química em pequenos grupos com pessoas surdas e ouvintes

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo analisar potencialidades e limites de uma proposta de atividades experimentais em pequenos grupos para os processos de ensino e de aprendizagem de Química no ensino médio em um contexto com estudantes ouvintes e surdos/as. A proposta foi realizada em uma turma do 3º ano do ensino médio de uma escola comum regular com a presença de uma estudante surda (usuária da Língua Brasileira de Sinais) e ouvintes. As atividades experimentais nesta pesquisa foram promovidas de acordo com uma proposta inspirada nos trabalhos de Silveira (2020), Silveira e Gonçalves (2021) e Lopes e Silva (2009). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas para analisar as compreensões sobre a pessoa surda por estudantes participantes de um pequeno grupo que realizou a sequência de atividades experimentais de Química. Desenvolveu-se uma sequência de atividades experimentais de Química na turma citada e foram realizados registros de áudio e vídeo do grupo de quatro estudantes, entre os quais uma era surda. As informações qualitativas foram transcritas e analisadas de acordo com os procedimentos da Análise Textual Discursiva de Moraes (2003). Para a análise das interações sociais (tutoriais, colaborativas, nulas, individualistas, confusas) foram utilizados como referenciais teóricos Silveira e Gonçalves (2021) e Teodoro, Cabral e Queiroz (2015). A partir da sequência de atividades experimentais foi possível perceber que houve uma maior promoção de interações colaborativas e tutoriais do que individualistas, nulas e confusas, conforme os/as discentes foram se apropriando dos conhecimentos sobre trabalho em grupo e na medida em que a professora-pesquisadora realizava a mediação docente. A pesquisa também indicou possíveis aprendizagens atitudinais e conceituais de Química quando os membros ensinavam e ajudavam uns aos outros. Pode-se dizer que foi possível estabelecer relações entre as compreensões discentes sobre a pessoa surda e o estabelecimento das interações sociais entre eles/as. Em suma, a proposta de atividades experimentais de Química contribuiu para o estabelecimento de interações sociais entre estudantes. Entretanto, algumas limitações na proposta foram encontradas, sendo necessário que pesquisas futuras invistam: na criação de materiais bilíngues (Libras/LP) em prol da melhoria da autonomia da pessoa surda e na atribuição de papéis aos membros na realização dos procedimentos experimentais de modo a promover uma divisão igualitária de tarefas.

Abstract: This research aims to analyze the strengths and limits of a proposal for experimental activities in small groups for the teaching and learning processes of Chemistry in high school in a context with hearing and deaf students. The proposal was carried out in a class of the 3rd year of high school in a regular common school with the presence of a deaf student (user of the Brazilian Sign Language) and listeners. The experimental activities in this research were promoted according to a proposal inspired by the works of Silveira (2020), Silveira and Gonçalves (2021) and Lopes e Silva (2009). Semi-structured interviews were carried out to analyze the understandings about the deaf person by students participating in a small group that carried out the sequence of experimental Chemistry activities. A sequence of experimental Chemistry activities was developed in the mentioned class and audio and video recordings were made of the group of four students, among which one was deaf. Qualitative information was transcribed and analyzed according to the procedures of Textual Discursive Analysis by Moraes (2003). For the analysis of social interactions (tutorial, collaborative, null, individualistic, confused) Silveira and Gonçalves (2021) and Teodoro, Cabral and Queiroz (2015) were used as theoretical references. From the sequence of experimental activities, it was possible to perceive that there was a greater promotion of collaborative interactions and tutorials than individualistic ones, null and confusing, as the students were appropriating the knowledge about group work and to the extent that the teacher- researcher carried out the teaching mediation. The research also indicated possible attitudinal and conceptual learning of Chemistry when members taught and helped each other. It can be said that it was possible to establish relationships between the students understandings about the deaf person and the establishment of social interactions between them. In short, the proposal of experimental Chemistry activities contributed to the establishment of social interactions among students. However, some limitations in the proposal were found, making it necessary for future research to invest: in the creation of bilingual materials (Libras/LP) in favor of improving the autonomy of the deaf person and in assigning roles to the members in carrying out the experimental procedures in order to promote an equal division of tasks.