De acordo com diversos teóricos, entre eles Aníbal Quijano, o conceito de raça foi o
fator que estruturou a base do sistema capitalista. A colonialidade como continuidade
da exploração da natureza e deturpação de culturas e identidades não brancas mantém
o racismo ambiental como produto. Com a expansão das regiões urbanas, atualmente
encontramos majoritariamente nas periferias sujeitos pretos, pardos e indígenas, que
foram mantidos às margens da cidade, dos direitos sociais e da produção de
conhecimento e que muitas vezes vivem em locais prejudicados por contaminação
ambiental e baixo investimento dos governos. Por isso, aqui busco evidenciar uma das
formas que as periferias expressam e denunciam suas mazelas, entre elas o racismo
ambiental, através de um dos elementos do Hip-hop. Considerando que para uma
mudança real da sociedade para com a natureza é necessário mitigar os conflitos
sociais. O objetivo dessa pesquisa é analisar os discursos sobre racismo ambiental nas
letras de Raps nacionais que apontam as contradições do sistema atual, portanto,
evidenciar a importância do Rap como elemento contra hegemônico para uma
educação decolonial. Durante a pesquisa também foi realizado um levantamento nos
anais do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências acerca do tema
racismo ambiental evidenciando a necessidade de mais pesquisas na área da
Educação em Ciências. Esse processo foi uma forma de compor o projeto Repositório
de Práticas Interculturais (REPI), que tem como objetivo de aprofundar parcerias entre
professores (formadores/as, em formação e da escola básica), escola, universidade e
comunidade, levantando temas locais que fomentem o desenvolvimento de
intervenções pedagógicas e a produção de materiais num repositório com acesso
gratuito, bem como reconhecer problemáticas semelhantes com vistas a subsidiar a
produção científica e tecnológica e o ensino dialógico em vários níveis. Nesse sentido,
mesmo que ainda de forma germinal a temática da pesquisa nos faz perceber o quanto
é urgente, necessário e invisibilizado o racismo ambiental nas pesquisas de educação
em ciências, enquanto nas letras de Raps o tema é denunciado há pelo menos 20
anos.