Abstract:
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A tainha, Mugil liza (Valenciennes, 1836) é considerado um dos principais recursos
pesqueiros do Brasil. Suas características de eurialinidade, euritermicidade, rusticidade,
robustez, fácil manejo, e adaptabilidade a dietas artificiais a qualificam como promissora para
a aquicultura. Contudo, assim como as demais espécies aquícolas, a tainha também pode ser
acometida por doenças. Em ambientes de cultivo, o equilíbrio entre patógeno e hospedeiro é
determinante na sanidade dos peixes. Deficiências nutricionais, baixa qualidade da água,
doenças infecciosas e parasitárias podem desequilibrar o sistema, culminando em perdas
econômicas. Em cenários em que condutas de manejos profiláticos falham ao evitar a
instauração de enfermidades, torna-se necessário o emprego de tratamentos paliativos. O
conhecimento sobre os parâmetros hematológicos dos peixes pode contribuir para a
compreensão do status de saúde em resposta a doenças e aos diferentes tratamentos. Neste
contexto, o presente trabalho objetivou-se verificar os parâmetros hematológicos da tainha M.
liza após banhos de imersão de uma hora em diversas concentrações de peróxido de hidrogênio
(H2O2). Um total de 108 peixes foram distribuídos em 6 tratamentos com 3 repetições cada:
peixes não tratados (C), peixes tratados com 150 mg L-1
de H2O2, (T1), peixes tratados com
200 mg L-1
de H2O2, (T2), peixes tratados com 250 mg L-1 H2O2, (T3), peixes tratados com 300
mg L-1
de H2O2, (T4), e peixes tratados com 350 mg L-1
de H2O2, (T5). Foram realizadas coletas
sanguíneas imediatamente após o banho, e 30 dias após o banho. Foram analisados eritrograma,
leucograma, trombocitograma, porcentagem de hematócrito, dosagem de proteína plasmática
total, dosagem de hemoglobina, volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular
média (HCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM). Após, os dados
foram submetidos a ANOVA bifatorial e comparação de medias pelo teste de Tukey ao nível
de significação de 5%. Não foram constatadas diferenças significativas entre os valores de
eritrócitos nas diferentes concentrações e tempos após a exposição ao H2O2 avaliados. As
concentrações de H2O2 testadas não demonstraram relação direta significativa com os valores
de nenhum dos parâmetros analisados. Os valores de leucócitos totais, linfócitos, hematócrito
e VCM foram significativamente menores, em cada um dos grupos avaliados, imediatamente
após o banho, em relação aos valores de cada um destes 30 dias após o banho. Este ocorrido se
deu, inclusive, para o grupo controle, demonstrando que tal diferença não se atribui ao uso do
H2O2. Os valores de glicose e CHCM foram significativamente maiores, em cada um dos grupos
avaliados, imediatamente após o banho, em relação aos valores de cada um destes 30 dias após
o banho. Este fato se deu, também, para o grupo controle, demonstrando que tal diferença não
se atribui ao uso do H2O2. Os valores de neutrófilos observados imediatamente após o banho,
na concentração de 350 mg L-1
de H2O2, (T5), foram significativamente maiores do que os
observados em demais diferentes concentrações e tempos após o banho avaliados,
demonstrando neutrofilia aguda. Os tipos celulares basófilos e eosinófilos, não foram
encontrados no sangue dos peixes, o que é normal para a espécie, contudo impossibilitando a
avaliação de sua concentração em função do banho com H2O2. O presente estudo revelou que,
dentre as doses testadas, as menores do que de 350 mg L-1
, por não causarem neutrofilia nem
outras complicações, demonstram-se ser menos prejudiciais a hematopoese da tainha. |