Uma religião brasileira: mito criador e ideal republicano no processo de institucionalização das Umbandas

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Title: Uma religião brasileira: mito criador e ideal republicano no processo de institucionalização das Umbandas
Author: Silva, Brenda Campos da
Abstract: O presente trabalho tem como objetivo analisar o mito de origem das Umbandas, seu contexto, origem e a relação entre sua propagação e a busca por legitimação da prática religiosa, por meio de sua institucionalização, dentro do contexto da criminalização da feitiçaria e do curandeirismo no início do século XX. Com este enfoque, realiza-se uma pesquisa baseada na análise de jornais da época, com o intuito de compreender como as religiões afro-diaspóricas eram vistas pelo Estado e pela sociedade, identificar a linha que separa os ritos tradicionais do legitimado, explorar a possibilidade de outras Umbandas no Brasil oitocentista, e entender os processos que levaram à consagração do rito da Umbanda de Linha Branca e Demanda como religião. Por meio do estudo de publicações e gravações que, supostamente, consolidam e comprovam a narrativa estabelecida como marco inicial da religiosidade, observa-se a possibilidade de uma construção tardia, caracterizada pelo uso de uma figura apoteótica e profética associada a Zélio Fernandino de Moraes, após seu falecimento, visando a consagração de uma linha histórica linear e definida. A doutrina da Umbanda institucionalizada, atravessada pela moral cristã, que age como “civilizadora” da cosmologia e ritualística afro-diaspórica e ameríndia, está em consonância com o ideal identitário brasileiro promovido pelo mito das três raças. Por por meio de ferramentas políticas, como Federações e Uniões, líderes do movimento umbandista propagam estudos e falas em busca da uniformização da doutrina das Umbandas, a fim de consolidarem-se como a prática religiosa “verdadeira”, e a Umbanda Branca como “original”. Considerando a forte influência social e o poder econômico de seus líderes, frequentemente favorecidos por uma estrutura racial que os favorece, este trabalho discute a relação entre o movimento umbandista e o Estado, principalmente durante o período do Estado Novo, analisando as estratégias de busca por alianças que garantam sua proteção e o reconhecimento, em resposta às perseguições que se intensificaram após a alteração do Código Penal de 1890. Acompanhando a construção da estrutura que consagrou à legitimação das Umbandas em 1964 e à celebração de sua institucionalização em 2012, esta pesquisa, estuda o mito criador como uma ferramenta política e social, fundamentada em conceitos cristãos de historicidade e divinização, com o objetivo de consagrar a Umbanda Branca como autêntica e oficial, buscando aproximá-la das práticas religiosas socialmente aceitas e legitimadas.The present study aims to analyze the origin myth of Umbandas, their context, origin, and the relationship between their spread and the search for the legitimization of the religious practice through its institutionalization, within the context of the criminalization of witchcraft and folk healing in the early 20th century. With this focus, a research is conducted based on the analysis of contemporary newspapers to understand how Afro-diasporic religions were viewed by the State and society, identify the line that separates traditional rites from legitimized ones, explore the possibility of other Umbandas in 19th-century Brazil, and understand the processes that led to the consecration of the White Line and Demand Umbanda rite as a religion. Through the study of publications and recordings that supposedly consolidate and prove the narrative established as the initial mark of religiosity, the possibility of a later construction is observed, characterized by the use of an apotheotic and prophetic figure associated with Zélio Fernandino de Moraes, after his death, aiming at the consecration of a linear and defined historical narrative. The institutionalized Umbanda doctrine, influenced by Christian morality, which acts as a “civilizer” of Afro-diasporic and Indigenous cosmology and ritual, aligns with the Brazilian identity ideal promoted by the myth of the three races. Through political tools, such as Federations and Unions, leaders of the Umbanda movement propagate studies and speeches in search of standardizing the doctrine of Umbandas, aiming to establish themselves as the “true” religious practice, with the White Umbanda as the “original.” Considering the strong social influence and economic power of its leaders, often favored by a racial structure that benefits them, this study discusses the relationship between the Umbanda movement and the State, particularly during the Estado Novo period, analyzing strategies for seeking alliances that ensure protection and recognition in response to the increased persecutions following the changes to the Penal Code of 1890. Tracking the construction of the structure that led to the legitimization of Umbandas in 1964 and the celebration of their institutionalization in 2012, this research examines the creator myth as a political and social tool, grounded in Christian concepts of historicity and divinization, aiming to consecrate White Umbanda as authentic and official, seeking to bring it closer to socially accepted and legitimized religious practices.
Description: TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, História.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/262105
Date: 2024-12-10


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