A cartografia sintática das sentenças com sujeitos genitivos e locativos no português brasileiro

Abstract

A análise das sentenças denominadas de ?tópico-sujeito? no Português Brasileiro (doravante PB) constitui-se ainda como um grande desafio teórico dentro da literatura gerativa, apesar do longo tempo em que elas vêm sendo debatidas (desde Pontes (1987)). Nesse sentido, a partir dos pressupostos metodológicos empreendidos pelo projeto cartográfico sobre merge externo e merge interno da hierarquia da posição dos constituintes na sentença (Cinque, 1999, 2010), bem como as relações de atribuição de Caso (Kayne, 2005), a presente tese procura ampliar a investigação sobre como os DPs genitivos e locativos conseguem ocupar a posição de sujeito, mesmo não sendo sujeitos canônicos. As construções de base para a análise são sentenças como (i) O meu carro furou o pneu; (ii) Esses caminhões cabem a mudança e (iii) Esses carros cabem muita coisa no porta-mala. Com base nas análises empreendidas ao longo do trabalho, partimos de uma hipótese geral sobre essas estruturas: as três sentenças descritas configuram um merge interno único do tipo [objeto ... sujeito], sempre repetido, estruturados assim por um núcleo nominativo que configura marcação de Caso na parte baixa da sentença por propriedades atrativas, ocasionadas por conta da não realização das preposições situadas em um núcleo funcional. Essa relação de atribuição de Caso ocorre em sentenças inacusativas porque elas possuem apenas um Caso nominativo a ser atribuído e, quando a preposição não é ativada, o Caso nominativo que seria atribuído ao DP-tema é transferido aos DPs genitivos ou locativos, por isso esses DPs são os únicos que podem ser congelados como sujeito da predicação (Rizzi, 2015). Assim, o falante do PB produz sentenças do tipo SVO nessas estruturas já que os papéis temáticos são os mesmos quando produzidos pelas preposições, motivadas por necessidade de Caso, bem como o DP-tema recebe Caso nominativo default, pois é o único que pode ser carregado pelo verbo, formando um VP-chunk; além do VP poder carregar chunks maiores, liberando a subida dos sujeitos genitivos ou locativos.

Abstract: The analysis of sentences so called ?topic-subject? in Brazilian Portuguese (henceforth BP) still constitutes a great theoretical challenge within the generative literature, despite the long time in which they have been debated (since Pontes (1987)). In this sense, based on the methodological assumptions undertaken by the cartographic project on external merge and internal merge of the hierarchy of the position of constituents in the sentence (Cinque, 1999, 2010), as well as the relations of assignment of Case (Kayne, 2005), this thesis seeks to expand the investigation on how genitive and locative DPs manage to occupy the subject position, even though they are not canonical subjects. The basic constructions for the analysis are sentences such as (i) O meu carro furou o pneu; (ii) Esses caminhões cabem a mudança and (iii) Esses carros cabem muita coisa no porta-mala. Based on the analyses undertaken throughout the work, we start from a general hypothesis about these structures: the three sentences described configure a single internal merge of the type [object ... subject], always repeated, structured in this way by a nominative head that configures Case marking in the lower part of the sentence by attractive properties, caused by the non-realization of prepositions situated in a functional head. This Case assignment relationship occurs in unaccusative sentences because they have only one nominative Case to be assigned and, when the preposition is not activated, the nominative Case that would be assigned to the DP-theme is transferred to the genitive or locative DPs, which is why these DPs are the only ones that can be criterial freezing as the subject of the predication (Rizzi, 2015). Thus, the BP speaker produces SVO type sentences in these structures since the thematic roles are the same when produced by prepositions, motivated by the need for Case, as well as the DP-theme receives default nominative Case, since it is the only one that can be carried by the verb, forming a VP-chunk; in addition to the VP being able to carry larger chunks, freeing up the raising of genitive or locative subjects.