Abstract:
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O objetivo central deste trabalho foi conhecer como um processo de ensino promove construções conceituais no estudo da Sexualidade Humana em uma situação que envolveu trinta e quatro estudantes adolescentes cursando a sétima série e sua professora de Ciências, numa escola pública de Blumenau. Com o olhar voltado para a Zona de Desenvolvimento Proximal dos estudantes, procurou-se relacionar três importantes parâmetros julgados essenciais para perceber e compreender, na dinâmica interativa das aulas, a emergência dos processos de significação: os conteúdos priorizados e ensinados pela professora, as interações discursivas que se estabeleceram no decorrer das aulas e os amplificadores culturais utilizados, tanto pela professora como pelos estudantes. O pensamento histórico-cultural de Lev Semyonovich Vygotsky foi o principal aporte teórico para o desenvolvimento das reflexões, evidenciando algumas premissas julgadas essenciais à compreensão das complexidades associadas à aprendizagem conceitual em sala de aula, como o reconhecimento de que os sujeitos modificam de forma ativa as forças ativas que os transformam. A análise microgenética foi a abordagem metodológica escolhida para estudar os mecanismos psicológicos associados à construção conceitual dos estudantes e evidenciar as inter-relações dos parâmetros e os movimentos de construção conceitual sob supervisão do trabalho docente. Esta concepção genética origina-se nas proposições de Vygotsky a respeito do funcionamento humano cujas orientações metodológicas incluem e valorizam as análises minuciosas de processos de forma a caracterizar sua gênese social e as transformações do curso de eventos. O processo de ensino analisado mostrou não se tratar de um movimento simples. Na apropriação dos conhecimentos sobre sexualidade humana, os estudantes, nas atividades em equipes, por exemplo, foram levados a pensar, analisar, planejar, organizar, sintetizar, enfim, desempenharam um papel mais ativo neste processo de apropriação, com o apoio da professora, que continuamente dirigia a atenção de todos para o conhecimento socialmente organizado e aceito, o que mostrou o importante papel do ensino e sua relação entre desenvolvimento e aprendizagem. No decorrer das aulas, percebeu-se que muitos estudantes conseguiram estabelecer, de maneira muito satisfatória, uma unidade entre a linguagem, pensamento e ação, fato que possibilitou, desta forma, a utilização dos conceitos como instrumentos de operações qualitativamente superiores. Isto se tornou evidente, por exemplo, quando os estudantes apresentavam suas argumentações baseadas em algum conhecimento científico já estudado, buscavam utilizar uma linguagem mais adequada à situação, incluindo-se as elaborações escritas, utilizavam corretamente instrumentos, entre outras ações. Os conceitos científicos adquirem uma influência significativa na construção da subjetividade quando deixam de ser objetos distantes e estranhos e se transformam em instrumentos do pensamento sobre o mundo objetivo destes estudantes. |