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Estruturado em cinco artigos, precedidos de uma introdução, que justifica a forma da dissertação, este trabalho tem por objetivo investigar aportes epistemológicos sobre a gênese e desenvolvimento da radioatividade para uma disciplina sobre a história da física e para a formação de professores. No primeiro artigo (capítulo 1 da dissertação), discute-se sete visões distorcidas do trabalho científico e cinco características compartilhadas por algumas epistemologias pós-positivistas, nos termos de Gil-Pérez et al (2001), aprofundando-se concepções filosóficas subjacentes a cada uma delas. Argumenta-se que essas imagens estão presentes implícita e explicitamente nos livros e manuais didáticos, inclusive de nível superior. Eles são produtos de uma tradição de didatização descontextualizadora, o que é analisado por meio da Transposição Didática de Chevallard (1991). Por fim, propõe-se a utilização didática da História da Ciência para desconstruir cada uma dessas imagens deformadas da ciência e do trabalho científico, justificando que um ensino contextualizado pode preencher lacunas epistemológicas há muito tempo identificadas no ensino de ciências tradicional. O segundo artigo (capítulo 2 da dissertação) trata da gênese e dos primeiros anos da radioatividade, tendo como balizas as Conferências Nobel de Pierre e Marie Curie, associadas a outras obras de historiadores da ciência, biografias e trabalhos originais dos cientistas envolvidos. Neste material, vários contra-exemplos às sete imagens deformadas da ciência são constatados e explorados. No terceiro artigo (capítulo 3 da dissertação), aborda-se um período da radioatividade, que tem como foco os trabalhos de Ernest Rutherford, que se estendem desde a classificação das radiações até o modelo atômico nuclear, culminando na descoberta dos isótopos radioativos, por Frederick Soddy. Neste segmento, são utilizados originais de trabalhos clássicos para a reconstrução de sua história, que depois é analisada, permitindo a discussão das cinco características do trabalho científico compartilhadas pelas filosofias modernas da ciência. A partir do estudo histórico empreendido nos artigos 2 e 3, analisa-se, no quarto artigo (capítulo 4 da dissertação), de que forma a radioatividade é desenvolvida em um livro didático de estrutura da matéria, procurando-se evidenciar o que se ganha e o que se perde com uma abordagem descontextualizada desse assunto. No quinto artigo (capítulo 5 da dissertação), avalia-se a inserção de um módulo de ensino, cujos textos base são artigos 2, 3 e 4, na disciplina de Evolução dos Conceitos de Física, do Departamento de Física da Universidade Federal de Santa Catarina, no segundo semestre letivo de 2010, a partir de um exercício proposto aos alunos, de reconhecimento da transposição didática de um livro do ensino médio. Assim, discute-se o valor da história e da filosofia da ciência na formação desses alunos, que em grande probabilidade se tornarão, eles mesmos, professores. |
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