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A presente pesquisa tem como objeto a modalidade escrita da língua no cotidiano extraescolar e escolar de adultos alfabetizandos, moradores de Florianópolis - SC, inseridos no mercado de trabalho e participantes do Curso de Educação de Jovens e Adultos - I Segmento da Prefeitura Municipal de Florianópolis. O objetivo desse estudo foi compreender como se caracterizam os usos sociais da escrita nos contextos extraescolar e escolar das alfabetizandas adultas participantes desta pesquisa, inseridas em uma sociedade grafocêntrica, bem como identificar quais as motivações de tais mulheres ao recorrerem a uma instituição escolar a fim de participarem de um programa de alfabetização, descrevendo analiticamente em que medida e/ou de que forma o programa de alfabetização do qual as alfabetizandas adultas participantes deste estudo tomam parte tem lhes facultado e/ou favorecido a construção de novas práticas de letramento e, por implicação, sua inserção em novos eventos de letramentos. Nortearam a pesquisa três grandes questões, contando, cada uma delas, com alguns desdobramentos. A primeira delas: Como se caracterizam os usos sociais da escrita nos contextos extraescolar e escolar das alfabetizandas adultas, participantes desta pesquisa, inseridas em uma sociedade grafocêntrica? Já a segunda: O que motiva as mulheres envolvidas neste estudo a recorrerem a uma instituição escolar a fim de participarem de um programa de alfabetização? A terceira: Em que medida o programa de alfabetização do qual tomam parte tem lhes facultado e/ou favorecido a construção de novas práticas de letramento e, por via de consequência, sua inserção em novos eventos de letramento? Teoricamente, este trabalho foi dividido em quatro partes: na primeira delas, foram discutidos aspectos históricos, indicadores e programas relacionados ao analfabetismo adulto (HADDAD; DI PIERRO, 2000; GALVÃO; SOARES, 2010); na segunda, discutiram-se as especificidades conceituais do letramento e as relações com a alfabetização (HAMILTON; BARTON; IVANIC, 1993; STREET, 1984 e 2003); na terceira, abordaram-se a alfabetização e as implicações no que respeita a acessibilidade social, identidade e empoderamento (GRAFF, 1994; VÓVIO, 2010; BRITTO, 2003; STROMQUIST, 2001; KALMAN, 2003); na quarta, por fim, discutiu-se a alfabetização no que compete à questão dos métodos (MORTATTI, 2006; MATENCIO, 2003) e à natureza das ações pedagógicas endereçadas a alfabetizandos adultos (KLEIMAN, 2007 e 2001 [1995]; FREIRE, 2009 [1982] e 2009 [1969]). Tal pesquisa consiste em um estudo de caso do tipo etnográfico realizado com três alunas do primeiro segmento da Educação de Jovens e Adultos de uma escola do Norte da Ilha do município de Florianópolis/SC. Os resultados sinalizam para a não convergência entre as práticas de letramento das alfabetizandas e as práticas de letramento escolares; para motivações à reinserção escolar de duas naturezas: o que se nomeia pragmatismo estreito e o que se nomeia dimensão ontológica da subjetividade; e, no espaço escolar, tais sinalizações apontam para uma preocupação latente com a evasão na EJA e para um movimento embrionário no sentido de atentar para a necessidade de apropriação/implementação dos usos sociais da língua. |
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