Title: | Modelos de informações nutricionais em restaurantes e escolhas alimentares saudáveis de estudantes universitários |
Author: | Oliveira, Renata Carvalho de |
Abstract: |
A informação nutricional, disponibilizada tanto em produtos embalados quanto em restaurantes, é uma estratégia política de prevenção à obesidade e demais doenças crônicas, pelo potencial de influenciar positivamente as escolhas alimentares, auxiliando os consumidores a fazerem escolhas mais saudáveis e informadas. A provisão de informação nutricional é obrigatória para alimentos embalados na maioria dos países, incluindo o Brasil. Porém, a disponibilização de informação nutricional em restaurantes, apesar de estar sendo discutida em vários países, é obrigatória apenas nos Estados Unidos da América e em condições específicas. Além disso, os restaurantes que oferecem algum tipo de informação aos consumidores, usualmente disponibilizam informações relacionadas apenas à quantidade de calorias. Até o momento, não foi encontrado na literatura científica quais características devam ter um modelo para disponibilizar informações nutricionais em restaurantes. Estudos sobre modelos de informação nutricional em restaurantes e escolhas alimentares saudáveis relatam resultados contraditórios, podendo estar relacionado aos variados métodos que vêm sendo utilizados e às limitações metodológicas para avaliar esses diferentes modelos de informação. Esta tese objetivo comparar modelos de informação nutricional em restaurante para avaliar a influência nas escolhas alimentares saudáveis de estudantes universitários. Para tanto, realizou-se o estudo em duas fases. Na fase 1, foram conduzidos grupos focais no Brasil e na Inglaterra, contando respectivamente com 11 e 25 estudantes. A condução dos grupos focais na Inglaterra foi realizada durante período de estágio sanduíche no exterior, realizado na Bournemouth University, em Bournemouth, Inglaterra. Essa fase visou conhecer as preferências dos estudantes universitários quanto aos diferentes formatos de informações nutricionais em restaurantes, para posterior aplicação e análise das informações preferidas em ambiente real ? restaurante, na fase 2. Os dados dos grupos focais foram gravados, transcritos e analisados por meio da técnica de análise de conteúdo. Em ambos os países, os participantes preferiram o formato de informação com lista de ingredientes e símbolos de alerta, considerado-omais compreensível e útil para realizar escolhas alimentares informadas. A segunda opção foi o formato de semáforo nutricional (traffic light system) acrescido do percentual de valor diário de referência. Tanto no Brasil quanto na Inglaterra, a maioria dos participantes rejeitou o formato de informação apenas de calorias, bem como calorias e nutrientes, afirmando que estes modelos não influenciariam suas escolhas alimentares. Na fase 2 realizou-se um ensaio controlado randomizado de grupos paralelos, em um restaurante no Brasil, durante um dia de intervenção. Trezentos e treze estudantes universitários foram randomizados em um dos três grupos de modelos de informação nutricional. Desses, 233 estudantes participaram da intervenção e foram analisados, os demais não compareceram e foram excluídos da análise. O grupo intervenção 1 (n=88) recebeu cardápio contendo informação de semáforo nutricional (traffic light system) e o percentual de valor diário de referência. O grupo intervenção 2 (n=74) recebeu o cardápio apresentando lista de ingredientes e símbolos de alerta. O grupo controle (n=71) recebeu cardápio sem informação nutricional. No grupo de estudantes que recebeu o cardápio contendo lista de ingredientes e símbolos de alerta, as escolhas alimentares saudáveis foram significativamente maiores quando comparado aos demais grupos. Esse mesmo formato de informação nutricional afetou positivamente as escolhas alimentares saudáveis de mulheres, participantes sem excesso de peso e aqueles que costumavam comer fora de casa mais do que duas vezes na semana. Como conclusão da tese, compreendendo as duas fases, os resultados sugerem que os estudantes universitários preferem o formato apresentando lista de ingredientes e símbolos de alerta. Esse modelo também influenciou positivamente as escolhas alimentares saudáveis dessa população-alvo, como foi comprovado no ensaio controlado randomizado. Assim, a informação contendo lista de ingredientes e símbolos de alerta, ao ser disponibilizado em restaurantes, pode fazer parte de políticas públicas, como estratégia para empoderar os consumidores, promover a saúde e auxiliar no combate à obesidade e outras doenças crônicas. Esse modelo também pode ser adotado em futura legislação sobre o tema no Brasil e no mundo.<br> Abstract: Food labelling available in packaged foods and in restaurants is a policy strategy designed to inform consumers' food choices and thereby prevent obesity and other chronic diseases, due to the potential to influence food choices and guide consumer healthy selection. Food labelling is mandatory for packaged foods in most countries, including Brazil. However, the availability of menu labelling in restaurants, despite being discussed in several countries, it is mandatory only in the United States under specific conditions. Also, the restaurants that offer some menu labelling to consumers usually provide information related only to the amount of calories. Until now, it was not found in the scientific literature which features should have a format to provide menu labelling in restaurants. Studies on menu labelling formats in restaurants and healthy food choices have reported contradictory results, which may be related to various methods that have been used and methodological limitations to assess different information formats. This thesis aimed to compare menu labelling formats in restaurant to assess the influence on healthy food choices of university students. Therefore, the study was conducted in two phases. In phase 1, focus groups were conducted in Brazil and UK, respectively counting with 11 and 25 students. Focus groups in UK were carried out during PhD sandwich internship in Bournemouth University, Bournemouth, UK. This phase aimed to know the preferences of university students for different menu labelling formats in restaurants, for subsequent intervention and analysis of the preferred information in a real restaurant setting, in phase 2. The data from the focus groups were recorded, transcribed and analysed using the content analysis technique. In both countries, participants preferred the format that presented an ingredients list and highlighted symbols, considered it more understandable and useful to make informed food choices. The second option was the traffic light format (traffic light system) plus guidelines daily amounts (GDA). Both in Brazil and in UK, the majority of participants rejected the calories and calories and nutrients information, stating that these formats do not influence their food choices. In phase 2, it was conducted a randomised and controlledparallel-group trial on one weekday in a restaurant in Brazil. 313 university students were randomly assigned to one of three parallel groups with different menu labelling formats. Of these, data from 233 students were analysed. The others did not attend and were excluded. Intervention group 1 (n=88) received information in the form of a traffic light system plus guideline daily amounts, while intervention group 2 (n=74) was presented with an ingredients list plus highlighted symbols. The control group (n=71) received a menu with no menu labelling. Healthy food choices were significantly higher among students who received the menu showing an ingredients list plus highlighted symbols. The same menu labelling format positively affected healthy food choices in women, not overweight participants and who often ate out more than twice a week. In conclusion, results including the two phases suggest that university students prefer a menu labelling format that presented an ingredients list and highlighted symbols. This menu labelling format also positively affected healthy food choices in this target population, as evidenced in the randomised controlled trial. Thus, it is suggested that menu labelling with an ingredients list plus highlighted symbols can be part of public policy as a strategy to empower consumers, to promote health and help fight obesity and other chronic diseases. This format also can be adopted in future legislation on menu labelling in Brazil and around the world. |
Description: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Florianópolis, 2016. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/175794 |
Date: | 2016 |
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