dc.description.abstract |
A prática de inclusão no âmbito da escola implica em promover a escolarização de crianças com necessidades educacionais especiais em classes comuns, juntamente com seus colegas sem necessidades mais diferenciadas. Entretanto, o professor de classe comum tende a modificar pouco sua prática, em termo de arranjos, de procedimentos instrucionais, atividades, formas de avaliação e adequação do conteúdo de modo que a participação e a aprendizagem desses alunos ficam comprometidas. Embora a literatura sobre inclusão mostre uma considerável quantidade de estratégias pedagógicas efetivas, elas parecem não chegar às classes onde alunos com deficiências se encontram inseridos. O presente estudo parte do problema de se tentar buscar uma melhoria na qualificação docente e mais especificamente, visando tornar as práticas pedagógicas do professor do ensino comum mais efetivas, no tocante às necessidades de alunos surdos. O objetivo do trabalho consistiu em implementar e avaliar um programa de formação continuada, o ensino colaborativo, para o professor do ensino comum, de forma a tornálo mais autônomo e com práticas pedagógicas mais efetivas e adequadas às necessidades de seus alunos. O estudo foi realizado durante um período de vinte semanas e envolveu o pesquisador atuando como colaborador e três diferentes professores (2ª, 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental) que tinham um aluno surdo inserido em suas turmas. A primeira etapa envolveu um planejamento preliminar onde se analisou o estilo de aprendizagem dos alunos surdos, os objetivos e as estratégias que seriam utilizadas com esses alunos ao longo do ano. Em seguida, foi iniciada a intervenção colaborativa, onde o pesquisador filmava uma determinada aula, aleatoriamente amostrada, de cada professor. Essa aula era editada e exibida em reunião com os três professores, onde os componentes eram analisados e, se necessário, a aula era replanejada e implementada. Esse movimento aconteceu até atingir um consenso entre os professores de que havia sido atingido o objetivo pretendido. Os dados coletados envolveram o protocolo de planejamento educacional inicial, o protocolo de cada aula, com registro do processo completo, desde o planejamento inicial até a avaliação da última implementação bem sucedida. Foram filmados o processo de ensino e analisadas 64 aulas, com uma média de 16 a 26 aulas por professor. Nas reuniões foram, também, discutidos textos sobre práticas pedagógicas inclusivas. Após a intervenção, foram coletadas as opiniões dos professores sobre as atividades de planejamento colaborativo. Os resultados apontaram que muitas são as possibilidades quando se estabelece um ambiente colaborativo entre o professor do ensino comum e o professor de educação especial. As estratégias planejadas foram implementadas na sala de aula e a intervenção proporcionou uma oportunidade de formação para os professores. Os professores avaliaram que as estratégias implementadas beneficiaram não apenas seus alunos surdos, mas todos os demais. Discutiu-se se o potencial da colaboração entre professores do ensino comum e especial, enquanto estratégia de formação e de facilitação da inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais. Os resultados também apontam que a intervenção colaborativa, embora tenha melhorado a qualidade do ensino, não parece ser suficiente para solucionar as dificuldades de comunicação da professora com o aluno surdo. |
pt_BR |