dc.description.abstract |
De acordo com o censo realizado pelo IBGE no Brasil no ano de 2000, em torno de 5.800.000 pessoas possuem algum grau de deficiência auditiva ou surdez. Dentre essas, o número de surdos profundos, recenseados como incapazes de ouvir e que se valem da língua de sinais para se comunicar era de 176.067 pessoas. Essa pesquisa tem como objetivo analisar discursivamente as imagens que os documentos oficiais constroem a respeito dessa parcela importante da sociedade desprovida de audição. Para isso, consideraremos as escolhas lexicais feitas, seja por meio de palavras ou por meio de enunciados, na maneira de se referir ao surdo. Foi mobilizado o conceito de formação imaginária, por meio do qual analisaremos as imagens construídas a partir da imagem de si e dos surdos, objeto do discurso. Propomo-nos, ainda, analisar esses documentos enquanto gênero do discurso, tal qual proposto por Mikhail Bakhtin (1997), pois corroboramos a ideia de que, ao ignorar as particularidades de gênero que assinalam a variedade do discurso leva-se ao formalismo e à abstração, consideramos a historicidade do estudo e a relação entre a língua e a vida. A partir disso, levantaremos também as cenografias que permeiam esses documentos, a fim de compreendermos o tom desse discurso. Para compor o corpus, foram selecionados leis ou decretos que lidam com as diversas questões sobre a causa do surdo, a saber: a língua de sinais, sua acessibilidade aos meios de comunicação, a teatros, instituições públicas, o acesso à educação,à saúde, dentre outros. Tais documentos produzidos por instâncias governamentais possuem um caráter de normatização que objetivam regular as ações específicas para esses sujeitos, sobretudo quanto a garantia de seus direitos. Nessa perspectiva, tomamos como enfoque teórico metodológico a Análise do Discurso de orientação francesa e a Análise Dialógica do Discurso por meio dos estudos de Michel Pêcheux, Dominique Maingueneau e Mikhail Bakhtin. |
pt_BR |