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A presente pesquisa, de cunho etnográfico, tem como questão principal analisar o processo de ensino e aprendizagem de língua estrangeira (Inglês) do aluno surdo no contexto da educação inclusiva e como a leitura é trabalhada dentro deste processo. Para tanto, foi observada uma classe de 3ª série do Ensino Médio de uma escola pública estadual inclusiva. Os dados foram coletados em vídeo, notas de campo, entrevistas, relatos informais e questionário. Os resultados da análise dos dados evidenciam a importância da língua de sinais no processo de ensino e aprendizagem de língua estrangeira do aluno surdo. É através da língua de sinais que ele vai construir os significados da língua estrangeira a ser aprendida, e como não pode contar com informações veiculadas na modalidade oral como entonação de voz ou semelhança na pronúncia de certas palavras, qualquer atividade proposta desta forma torna-se inacessível ou nula. Mostraram também que a metodologia utilizada pela professora contempla somente o aluno ouvinte, por ser a modalidade oral o principal veículo de comunicação. Tal fato, ainda que pareça favorecer o aluno ouvinte, não representa uma vantagem, uma vez que a língua utilizada nesta modalidade, na maior parte da aula, não é a língua-alvo, e sim a língua portuguesa, língua materna destes alunos. O aluno surdo observa a movimentação da professora e dos outros alunos em torno do que ela propõe, mas efetivamente segue as orientações propostas pela intérprete, que muitas vezes assume o papel da professora ao responder ou explicar alguma coisa para o aluno surdo segundo o seu entendimento, demonstrando que não está claro para ela qual a verdadeira função do intérprete dentro da sala de aula. A leitura, modalidade de ensino de língua mais acessível ao surdo, é trabalhada em forma de textos que são utilizados para fins de tradução para o português e exercícios que visam a prática de tópicos gramaticais. Ao aluno surdo é proposto aprender inglês através de explicações dadas pela professora na língua portuguesa e interpretadas em Libras por uma intérprete que não sabe inglês. Por essa via é pedido a ele que realize juntamente com os alunos ouvintes exercícios de gramática baseados em textos que são copiados do quadro. Seguramente este é o único momento da aula em que efetivamente os dois grupos realizam, no mesmo momento, a mesma tarefa (para posteriormente responder perguntas, ora em inglês, ora em português sobre o texto em questão). A inclusão, no contexto de aprendizagem de inglês, apresentou-se como condição dificultadora, podendo até impedir o aprendizado do aluno surdo. |
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