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Introdução: A doença grave está associada a respostas metabólicas, dentre elas o catabolismo proteico, que leva à depleção de massa muscular. Assim, o paciente apresenta um risco nutricional, que está relacionado a desfechos clínicos adversos. A avaliação nutricional na admissão é importante para estabelecer a terapia nutricional mais adequada. Porém, há barreiras na sua realização por antropometria em pacientes pediátricos graves. O uso de métodos alternativos, que não necessitam mobilizar o paciente, como o ângulo de fase, pode ser uma forma de avaliar o risco nutricional de maneira eficaz. Objetivo: Avaliar as variáveis de admissão associadas ao risco nutricional pelo ângulo de fase; e avaliar a associação do risco nutricional na admissão com desfechos nutricionais e clínicos em pacientes pediátricos graves. Métodos: Estudo observacional prospectivo realizado em UTIP de Santa Catarina, com pacientes pediátricos graves de 1 mês e <18 anos, de ambos os sexos. A avaliação nutricional foi realizada em até 72 horas após admissão, e incluiu parâmetros antropométricos, laboratoriais e ângulo de fase, calculado por BIA. Foram calculados os escore-z de índice de massa corporal-para-idade (IMC/I), estatura-para-idade (E/I) e circunferência do braço-para-idade (CB/I). O ângulo de fase foi calculado a partir dos valores de resistência e reactância, e categorizado em risco nutricional (=2,94º) ou sem risco nutricional (>2,94º). Para comparação entre grupos com e sem risco nutricional, utilizou-se testes de Mann-Whitney e Qui-quadrado. Para avaliar as variáveis de admissão associadas ao ângulo de fase, realizou-se regressão logística ajustada para sexo, idade, PIM-2 e balanço hídrico, com resultados expressos em Odds Ratio e intervalo de confiança de 95%. Realizou-se Regressão logística e Regressão de Cox ajustadas para avaliar a associação entre risco nutricional e desfechos nutricionais e clínicos. Para todas as análises, considerou-se significativo p<0,05. Resultados: Foram incluídos 86 pacientes, com mediana de idade de 5,8 (Intervalo interquartil [IQR] 1,1 11,6) anos. Maiores valores de IMC/I na admissão foram associados à maior chance de risco nutricional (OR 1,37; IC95% 1,01 1,87). O aumento da razão PCR/albumina (OR 1,03; IC95% 1,01 1,05) e PCR >10 mg/L (OR 3,35; IC95% 1,26 8,89), esteve associado à maior chance de risco nutricional. Em análise ajustada, não foi observada associação entre risco nutricional e tempo de internação em UTIP (HR 0,83; IC95% 0,49 1,40) e hospitalar (HR 1,06; IC95% 0,64 1,78), uso (OR 0,91; IC95% 0,30 2,80) e duração de VM (HR 0,78; IC95% 0,28 2,19), infecção nosocomial (OR 2,14; IC95% 0,26 17,35), deterioração da CB na alta da UTIP (OR 1,55; IC95% 0,04 64,59) e hospitalar (OR 4,31; IC95% 0,17 111,21). Conclusão: O risco nutricional, avaliado pelo ângulo de fase, esteve diretamente associado à inflamação. Não houve associação entre risco nutricional na admissão e desfechos nutricionais e clínicos. O ângulo de fase tem sido utilizado como marcador de risco nutricional e prognóstico em diversas populações, assim, recomenda-se a realização de estudos prospectivos com protocolo adequado para realização da BIA, a fim de verificar se o ângulo de fase é um parâmetro útil em pacientes pediátricos graves. |
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Abstract : Background: Critical illness is associated with metabolic response, such as protein catabolism, which leads to loss of muscle mass. Thus, the patient presents a nutritional risk, which is associated to adverse clinical outcomes. Nutritional assessment at admission is important to stablish the most appropriate nutritional therapy. However, there are barriers to its execution by anthropometry in critically ill children. The use of alternative methods that do not need to mobilize the patient, as the phase angle, may be a way to effectively assess the nutritional risk. Aim: To evaluate the variables at admission associated with phase angle; and to evaluate the association of nutritional risk with nutritional and clinical outcomes in critically ill children. Methods: Observational prospective study conducted in a PICU of Santa Catarina, Brazil, with critically ill children aged between 1 month and <18 years, of both sexes. Anthropometric and laboratorial parameters, and phase angle, obtained by BIA, were assessed within the first 72 hours of admission. Z-score for body mass index-for-age (BMI/A), height-for-age (H/A) and mid-upper arm circumference-for-age (MUAC/A) were calculated. Phase angle was calculated from resistance and reactance vectors and categorized in nutritional risk (=2.94º) or without nutritional risk (>2.94º). To comparison between groups with nutritional risk or without nutritional risk, Mann-Whitney and Chi-square were performed. To evaluate the variables at admission associated with phase angle, adjusted logistic regression adjusted for sex, age, PIM-2 and fluid balance, with results expressed in Odds Ratio (OR) and 95% Confidence Interval (95%CI), were performed. Adjusted logistic and Cox regression were performed to evaluate the association between nutritional risk and nutritional and clinical outcomes. P-value<0.05 was considered significant. Results: Eighty-six patients, with median age of 5.8 (Interquartile range [IQR] 1.1 11.6) years were included. Higher values of BMI/A at admission were associated with higher odds of nutritional risk (OR 1.37; 95%CI 1.01 1.87). The increase in CRP/albumin (OR 1.03; 95%CI 1.01 1.05) and CRP >10 mg/L (OR 3.35; 95%CI 1.26 8.89) was associated with higher odds of nutritional risk. In adjusted analysis, there was no association between nutritional risk and PICU LOS (HR 0.83; 95%CI 0.49 1.40), hospital LOS (HR 1.06; 95%CI 0.64 1.78), use (OR 0.91; 95%CI 0.30 2.80) and duration of MV (HR 0.78; 95%CI 0.28 2.19), nosocomial infection (OR 2.14; 95%CI 0.26 17.35), MUAC deterioration at PICU (OR 1.55; 95%CI 0.04 64.59) and hospital discharge (OR 4.31; 95%CI 0.17 111.21). Conclusion: Nutritional risk was associated with inflammation. There was no association between nutritional risk and nutritional and clinical outcomes. Phase angle has been used as a prognostic and nutritional risk indicator in different populations, therefore prospective studies with an adequate protocol to perform BIA are needed in order to verify if the phase angle is a useful parameter in critically ill children. |
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