dc.description.abstract |
Este estudo, que se insere na intersecção da Educação, da Psicologia SócioHistórico-Cultural e da Linguística Aplicada, objetiva investigar se e como as adaptações curriculares têm sido implementadas em escolas comuns que possuem alunos surdos matriculados, com base no pressuposto de que, no âmbito da inclusão escolar, é o meio social que precisa se ajustar e oferecer respostas educacionais às singularidades dos alunos, suas capacidades e interesses. Assim, é imprescindível alterar as metodologias de ensino, investir na formação contínua do professor e desenvolver adaptações curriculares que se apresentam enquanto instrumento de compensação social (Vygotsky, [1924]1997), como vias de acesso aos conhecimentos escolares. Apoiado na Teoria Sócio-Histórico-Cultural de Vygotsky (1924-1934), na política nacional de ensino-aprendizagem (BRASIL, 2003, 2001, 1996), e em autores que discutem a in/exclusão escolar (Fidalgo, 2018, 2013, 2006a; Lacerda, 2006) e temas adjacentes, como o ensino de Língua Portuguesa para surdos (Pereira, 2009; Fernandes, 2006b), este trabalho se encontra ancorado na Metodologia da Pesquisa Crítica de Colaboração – PCCol (Magalhães, 2006f) que possibilita intervir no contexto investigado, mediante a reflexão dos participantes sobre suas práticas, e no Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 2006), que colabora para organizar a discussão. Os dados foram produzidos em escolas comuns que possuem alunos surdos matriculados, com acessibilidade promovida por intérpretes de Libras, por meio da observação vídeogravada das aulas de Língua Portuguesa, aplicação de entrevistas aos professores e intérpretes e sessões reflexivas com esses participantes. Os resultados indicam: (1) a ausência das adaptações curriculares, bem como a dificuldade do professor em implementá-las – em decorrência do déficit constatado em seu processo formativo –, e revelam seu despreparo frente à diversidade; (2) demonstram que o ensino de Língua Portuguesa se pauta em uma abordagem de primeira língua (L1) para ouvintes, fundamentada na perspectiva tradicional de currículo e ensino de línguas, que desconsidera a diferenciação linguística dos alunos surdos; e (3) sinalizam que a relação entre os participantes contribui para o desenvolvimento das adaptações curriculares, embora seja prioritário investir num processo formativo inicial e contínuo de qualidade. As ações dos participantes viabilizaram a organização da aprendizagem e a criação de zonas de desenvolvimento proximal. Colaboraram, ainda, para a integração entre surdos e ouvintes, condição essencial, segundo Vygotsky ([1934] 2009), para o desenvolvimento do pensamento e da linguagem. |
pt_BR |