Efeito do uso de n-acetilcisteína sobre os níveis séricos de 25-hidroxivitamina d (25(OH)D) em homens adultos em tratamento pelo transtorno por uso de álcool: ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado com placebo

Abstract

A N-acetilcisteína (NAC) é uma medicação com características hepatoprotetoras e está associada a redução do consumo da droga e a diminuição de fissura. A vitamina D tem uma importante fase de metabolização hepática e alguns estudos indicam menores níveis séricos desta vitamina em alcoolistas, entretanto, seu papel no Transtorno por Uso de Álcool (TUA), necessita esclarecimentos. O manejo dos níveis de vitaminas do complexo B é comum no tratamento do TUA, entretanto, o monitoramento e manejo do status de vitamina D não é. Neste sentido, o correto entendimento do metabolismo da vitamina D e junto ao metabolismo do álcool, é imprescindível para uma maior assertividade tanto da avaliação dos níveis séricos, quanto da necessidade de suplementação no TUA. Desta forma, objetivou-se caracterizar os níveis de 25-hidroxivitamina D (25(OH)D) e investigar o efeito do uso de NAC ou placebo sobre os níveis séricos desta vitamina em homens adultos em tratamento pelo TUA. Em um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, incluindo homens adultos internados por TUA receberam NAC (n = 22) 1200 mg/dia (600 mg duas vezes ao dia) ou placebo (n = 25), de 12 em 12 horas, durante 8 semanas. Amostras de sangue foram coletadas para avaliar as concentrações séricas de 25(OH)D, marcadores de função hepática, renal, e de glutationa. O método de Equações de Estimativas Generalizadas (GEE) foi utilizado para a análise de dados longitudinais, sendo o desfecho primário os níveis de 25(OH)D e como fator a interação do tempo e da intervenção. Houve uma prevalência de 45,0% de deficiência e 21,7% de insuficiência de 25(OH)D na primeira semana de internação e 43,3% de deficiência e 40,0% insuficiência ao final das 8 semanas de estudo. A intervenção (NAC X placebo) (p=0,130) e o tempo de estudo (p=0,429), assim como a interação destes dois fatores não influenciaram significativamente os níveis de 25(OH)D (p=0,834). Em conclusão, observa-se uma alta prevalência de deficiência e insuficiência em indivíduos com TUA e os níveis séricos de 25(OH)D não melhoram de forma espontânea com a abstinência, ou seja, sem a suplementação da vitamina D, nem com tratamento convencional para adição, que pode ser avaliada com o placebo. A intervenção com NAC não alterou significativamente os níveis de 25(OH)D nos participantes do estudo.

Abstract: N-acetylcysteine (NAC) is a medication with hepatoprotective characteristics and is associated with a reduction in drug consumption and a decrease in craving. Vitamin D has an important phase of hepatic metabolism, and some studies indicate lower serum levels of this vitamin in alcoholics, however, its role in Alcohol Use Disorder (AUD) needs clarification. Management of B-complex vitamin levels is common in the treatment of AUT, however monitoring and management of vitamin D status is not. In this sense, the correct understanding of vitamin D metabolism and alcohol metabolism is essential for greater assertiveness in both the assessment of serum levels and the need for supplementation in the TUA. Thus, the objective was to characterize the levels of 25-hydroxyvitamin D (25(OH)D) and to investigate the effect of using NAC or placebo on the serum levels of this vitamin in adult men undergoing treatment by the AUD. In a randomized, double-blind, placebo-controlled study including adult men admitted for AUD received NAC (n = 22) 1200 mg/day (600 mg twice daily) or placebo (n = 25), 12 out of 12 hours for 8 weeks. Blood samples were collected to assess serum concentrations of 25(OH)D, markers of liver, kidney, and glutathione function. The Generalized Estimating Equations (GEE) method was used to analyze longitudinal data, the primary outcome was 25(OH)D levels and the factor the interaction time X intervention. There was a prevalence of 45.0% of deficiency and 21.7% of insufficiency of 25(OH)D in the first week of hospitalization and 43.3% of deficiency and 40.0% insufficiency at the end of the 8 weeks of the study. The intervention (NAC vs placebo) (p=0.130) and the study time (p=0.429), as well as the interaction of these two factors did not significantly influence the levels of 25(OH)D (p=0.834). In conclusion, a high prevalence of deficiency and insufficiency is observed in individuals with AUD and serum 25(OH)D levels do not spontaneously improve with abstinence, that is, without vitamin D supplementation, nor with conventional treatment for addition, which can be evaluated with placebo. The NAC intervention did not significantly alter 25(OH)D levels in study participants.