Title: | Associação do consumo de grupos alimentares proteicos e marcadores de risco cardiovascular em crianças e adolescentes com cardiopatia congênita: estudo transversal |
Author: | Rosenthal, Flora Guimarães |
Abstract: |
Introdução: A cardiopatia congênita é a anormalidade estrutural do coração ou grandes vasos intratorácicos com repercussões funcionais. Crianças e adolescentes com cardiopatia congênita apresentam risco cardiovascular aumentado devido à própria cardiopatia e pela presença de fatores de risco cardiovascular como aterosclerose subclínica, inflamação, obesidade central e dislipidemia. Observa-se que adultos cardiopatas congênitos apresentam maior prevalência de doença cardiovascular (DCV) adquirida do que população geral, sendo essencial a prevenção precoce nessa população. A alimentação tem um papel importante no desenvolvimento de DCV, podendo atuar como fator de risco e de proteção nos marcadores de risco cardiovascular como adiposidade central e inflamação. As recomendações dietéticas visando saúde cardiovascular passaram a incorporar orientações quanto à origem da proteína dietética, considerando que diferentes origens apresentam efeitos distintos sobre os marcadores cardiovasculares. Visto que crianças e adolescentes com cardiopatia congênita apresentam risco cardiovascular aumentado, é fundamental investigar a associação de grupos alimentares proteicos de diferentes origens com fatores de risco cardiovascular. Objetivo: Avaliar a associação entre o consumo de grupos alimentares proteicos e marcadores de risco cardiovascular em crianças e adolescentes com cardiopatia congênita submetidos à procedimento cardíaco prévio. Métodos: Estudo transversal com dados de amostra de 224 crianças e adolescentes com cardiopatia congênita submetidos à procedimento cardíaco prévio do estudo Congenital Heart disease and atherosclerosis in children and adolescents (CHild Floripa), conduzido em 2017 em Santa Catarina, Brasil. O consumo alimentar foi coletado por três recordatórios de 24 horas (R24h). Os grupos alimentares proteicos foram definidos de acordo com a origem: animal, vegetal e ultraprocessado. O consumo foi avaliado em tercil de consumo em gramas de grupo alimentar e gramas de proteína proveniente de cada grupo alimentar. Foram analisados marcadores de aterosclerose subclínica, avaliada pela Espessura Médio-Intimal da carótida (EMIc), inflamação, avaliada pela proteína C-reativa ultrassensível (PCR-us) e obesidade central, avaliada pela circunferência da cintura. Também foram avaliados dados sociodemográficos como sexo, idade, renda familiar e escolaridade materna, cardiometabólicos como perfil lipídico e pressão arterial, e de estilo de vida como nível de atividade física e comportamento sedentário. Para verificar associação entre os marcadores de aterosclerose subclínica, inflamação e obesidade central com gramas de consumo de grupos alimentares proteicos foi realizada regressão logística múltipla. Os resultados foram expressos em odds ratio (OR) e intervalo de confiança de 95% (IC95%). O valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados: Foram avaliados 224 crianças e adolescentes com mediana de idade 10,01 (Intervalo interquartil [IQR] 7,09-13,03) anos, 53,1% meninas, cirurgia foi o principal procedimento cardíaco realizado (83,0%) e as cardiopatia congênitas severas foram as mais prevalentes (65,6%). O maior consumo mediano do grupo alimentar proteico foi de origem animal (209,84 g/1000 kcal/d), bem como da quantidade consumida em gramas por kg de peso corporal por dia (g/kg/d) (1,12 g/kg/d), enquanto o menor consumo do grupo alimentar proteico foi de origem vegetal (10,48 g/1000 kcal/d), bem como do consumo de proteína (0,07 g/kg/d, respectivamente). Dentre os subgrupos alimentares de origem animal, os laticínios representaram 57,8% de todo o consumo e 24,8% da proteína animal consumida. Foi observada uma menor chance de apresentar excesso de adiposidade central ao consumir mais proteína animal (OR: 0,18; IC95% 0,07-0,48, p=0,001) e proteína vegetal (OR: 0,38; IC95% 0,16-0,91, p=0,030), e também ao consumir mais proteína de laticínios ricos em gordura (OR: 0,14, IC95% 0,05-0,37, p=0,000). Isso não foi observado no consumo do grupo alimentar proteico de origem ultraprocessada (OR: 0,85; IC95% 0,37-1,98, p=0,711). Nenhum grupo alimentar proteico foi associado aos marcadores de aterosclerose subclínica e de inflamação. Conclusão: o consumo de proteínas animais, vegetais e de laticínios ricos em gordura reduziu a chance de apresentar obesidade central em crianças e adolescentes com cardiopatia congênita. Os grupos alimentares proteicos não foram associados com fatores de risco cardiovascular. Esses achados podem embasar orientações nutricionais de prevenção cardiovascular para crianças e adolescentes com cardiopatia congênita. Novos estudos com desenhos longitudinais ou de intervenção devem ser realizados para verificar a associação dos grupos alimentares proteicos com fatores de risco ateroscleróticos e aterosclerose subclínica. Abstract: Background: Congenital heart disease (CHD) is a structural anomaly of the heart or great vessels with functional repercussions. Children and adolescents with CHD present higher cardiovascular (CV) risk due to CHD itself and by presenting CV risk factors such as subclinical atherosclerosis, inflammation, central obesity, and dyslipidemia. Also, adults with CHD have higher CV disease (CVD) prevalence than healthy pairs, showing the importance of early CV prevention in this population. Diet plays a key role on the development of CVD, acting as either a risk or protective element on CV risk factors like inflammation and central obesity. Dietary recommendations aiming CV health started incorporating orientation on the dietary protein source, as different sources have distinct effects on CV markers. As children and adolescents with CHD show augmented CV risk, it is crucial to investigate the association of protein food groups from different sources with CV risk factors. Aims: To evaluate the association between protein food groups intake and CV risk factors in children and adolescents with CHD who underwent cardiac procedure. Methods: cross-sectional study with secondary data from the Congenital Heart disease and atherosclerosis in children and adolescents (CHild Floripa) Study, who underwent previous cardiac procedure. The study was conducted in 2017 in Santa Catarina, Brazil. Dietary intake was assessed by three 24-hour recall. Protein-rich food groups were defined by its origin: animal, plant and ultra-processed (UP) and their intake was evaluated in terciles as the ingestion of the food and the protein coming from each food group. CV risk markers were analyzed such as subclinical atherosclerosis assessed by carotid intima-media thickness (cIMT), inflammation assessed by high-sensitivity C-reactive protein (hs-CRP) and central obesity assessed by waist circumference. Sociodemographic, cardiometabolic and lifestyle data were also evaluated, such as sex, age, household income, mother?s scholarity, lipidic profile, blood pressure, physical activity and screen time. To evaluate the association between subclinical atherosclerosis, inflammation and central obesity with protein food groups intake a logistic regression model was used. Results were expressed as odds ratio (OR) and 95% confidence interval (95% CI). P-value < 0.05 was considered statistically significant. Results: A total of 224 children and adolescents with CHD were evaluated, median age was 10.01 (Interquartile range [IQR] 7.09-13.03) years, 53.1% of participants were girls, surgery was the main cardiac therapeutic procedure (83.0%) and severe CHD was the most prevalent type (65.6%). Among protein-rich sources, animal had the highest median intake of food group (209.84 g/1000 kcal/d) and protein (1.12 g/kg/d) group sources. Plant source had the lowest median intake for both food group and protein intake (10.48 g/1000 kcal/d and 0.07 g/kg/d, respectively). Dairy represented 57.8% among animal foods subgroups consumption and 24.8% of animal protein intake. It was observed a lower chance of central obesity associated to higher animal protein (OR: 0.20; 95% CI 0.07-0.58, p=0.003), plant protein (OR: 0.33; 95% CI 0.12-0.89, p=0.028) and high-fat dairy protein (OR: 0.14, 95% CI 0.05-0.37, p=0.000) intake. Subclinical atherosclerosis and inflammation were not associated with protein food groups intake and UP protein intake. Conclusion: animal, plant and high-fat dairy protein intake reduced the chance of central obesity in children and adolescent with CHD. The consumption of protein-rich food groups is not associated with the evaluated CV risk factors. These findings can provide dietary guidelines for CV health prevention to children and adolescent with CHD. New cohort and intervention studies are needed to verify the association of protein-rich food groups with atherosclerosis and atherosclerosis risk factors in this population. |
Description: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Florianópolis, 2023. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/256790 |
Date: | 2023 |
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