Efeito do consumo de produtos da uva (Vitis sp.) sobre parâmetros de desempenho físico e marcadores de dano muscular induzido pelo exercício em adultos praticantes de exercício físico: uma revisão sistemática

Abstract

A uva é uma fruta reconhecida por sua rica composição em compostos fenólicos, os quais possuem atividade antioxidante, anti-inflamatória e vasodilatadora. Por isso, o consumo de produtos da uva tem sido associado a potencial melhora do desempenho esportivo e atenuação do dano muscular induzido pelo exercício (DMIE). Determinar o efeito do consumo de produtos da uva sobre parâmetros de desempenho físico e marcadores de DMIE em adultos praticantes de exercício físico. Uma busca sistemática foi realizada de acordo com a declaração PRISMA e as diretrizes PICOS nas bases de dados PUBMED/MEDLINE, EMBASE, Web of Science, Scopus, Google Scholar e The Cochrane Library. A busca foi realizada em 26 de junho de 2023 e incluiu estudos de intervenção com consumo de produtos da uva comparada com placebo e a investigação dos efeitos no desempenho físico e marcadores de DMIE em adultos saudáveis fisicamente ativos, incluindo todos os níveis de competição (recreacional a atleta de elite). A avaliação do risco de viés dos estudos foi realizada pela ferramenta Cochrane Risk of Bias para ensaios randomizados (RoB 2). Sete estudos foram incluídos nesta revisão sistemática. Sete estudos foram incluídos nesta revisão sistemática. Dos sete estudos encontrados, três foram avaliados em alto risco de viés e quatro estudos em viés com algumas preocupações. Quatro estudos utilizaram suco de uva integral, os demais utilizaram extrato de uvas inteiras (n=1), extrato de semente de uva (n=1) ou uvas-passas (n=1). Três estudos analisaram a ingestão crônica e quatro estudos realizaram uma única intervenção em uma sessão teste de treinamento. As doses de administração do suco de uva variaram de 400 mL/dia a 10 mL/kg/dia; a suplementação de extrato foi de 300 a 400 mg/dia; o consumo de uvas-passas foi de 1 g de carboidrato calculado em passas/kg/dia. Quanto ao desfecho de desempenho, o efeito do consumo de produtos da uva foi analisado em seis estudos, em quatro deles por meio da realização do teste de tempo até exaustão, um por contrarrelógio de 15 min e outro por saltos verticais com contramovimento. Destes, foram encontradas melhorias significativas no desempenho físico com suco de uva integral (n=4) e extrato de semente de uva (n=1), tanto com o uso agudo quanto crônico, em testes de tempo até exaustão comparado com placebo. Quanto ao desfecho de DMIE, o efeito da ingestão de produtos da uva foi analisado em cinco estudos, quatro deles utilizaram suco de uva integral e um estudo utilizou extrato de uvas inteiras. Não foram encontradas alterações significativas nos marcadores de DMIE comparado com placebo. O consumo de suco de uva integral, tanto de forma aguda quanto crônica, melhorou o desempenho físico, assim como a ingestão de extrato de semente de uva em adultos praticantes de exercícios físicos. A ingestão de produtos da uva não gerou alterações nos marcadores de DMIE. Mais estudos são necessários para averiguar os achados desta revisão devido ao número limitado de estudos disponíveis na literatura atual.

Abstract: Grapes are recognized for their rich composition of phenolic compounds, which have antioxidant, anti-inflammatory and vasodilatory activities. Therefore, the consumption of grape products has been associated with the potential to improve sports performance and attenuate exercise-induced muscle damage (EIMD). To determine the effect of consuming grape products on physical performance parameters and EIMD markers in trained adults. A systematic search was carried out in accordance with the PRISMA® statement and PICOS guidelines in the databases PUBMED/MEDLINE, EMBASE, Web of Science, Scopus, Google Scholar and The Cochrane Library. Data were obtained up to June 26, 2023. The search included intervention studies with consumption of grape products compared to placebo and investigation of the effects on physical performance and markers of EIMD in physically active healthy adults, including all levels of competition (recreational to elite). The methodological quality of the studies was assessed using the Cochrane Risk of Bias tool for randomized trials (RoB 2). Seven studies were included in this systematic review. Of the seven studies found, three were assessed as high risk of bias and four studies were assessed as having some concerns. Four studies used whole grape juice, the others used whole grape extract (n=1), grape seed extract (n=1) or raisins (n=1). Three studies analyzed chronic intake and four studies carried out a single intervention in a training session. The grape juice administration doses ranged from 400 mL/day to 10 mL/kg/day; extract supplementation was 300 to 400 mg/day; consumption of raisins was 1 g of carbohydrate calculated in raisins/kg/day. Regarding the performance stage, the effect of consuming grape products was analyzed in six studies, four of them through the time-to-exhaustion test, one through a 15-min time trial and the other through countermovement jumps. Significant improvements in physical performance were found with whole grape juice (n=4) and grape seed extract (n=1), both with acute and chronic use, in time-toexhaustion tests. Regarding the stage of EIMD, the effect of introducing grape products was developed in five studies, four of them used whole grape juice and one study used whole grape extract. No significant changes were found in EIMD markers. The consumption of whole grape juice, by a single intervention and chronically, improved physical performance, as did the ingestion of grape seed extract in trained adults. The intake of grape products did not show changes in EIMD markers. More studies are needed to confirm the findings of this review due to the limited number of studies available in the current literature.