Notificação de aditivos alimentares em rótulos de alimentos industrializados com o termo "caseiro", "tradicional" e seus análogos

Abstract

Observa-se um crescente consumo de alimentos industrializados, principalmente os ultraprocessados, caracterizados por apresentarem alto teor de sal, açúcar, óleos, gorduras e substâncias de uso industrial, como aditivos alimentares. Em paralelo, observa-se a valorização de alimentos ?caseiros? e ?tradicionais? por parte dos consumidores. Nesse cenário, termos como ?caseiro?, ?tradicionais? ou outras expressões análogas vem sendo utilizadas em rótulos de alimentos industrializados. Este estudo objetivou caracterizar a notificação dos aditivos alimentares nos rótulos de alimentos industrializados comercializados no Brasil contendo os termos ?caseiro?, ?tradicional? e seus análogos, alegações não permitidas no país. A partir do banco de dados do censo de rótulos NUPPRE/FoodSwitch 2020 (n=6.259 alimentos) foram analisadas a frequência de uso dos termos ?caseiro?, ?tradicional? e expressões análogas e a notificação dos aditivos alimentares (presença, número e classe funcional) nesses alimentos. Foram encontrados 251 alimentos (4%) contendo os termos relacionados a ?tradicional? (62,5%; n=157) e ?caseiro? (37,5%; n=94). Desses alimentos, 180 (71,7%) continham notificação de aditivos alimentares pertencentes a 17 das 23 classes funcionais permitidas no Brasil. As classes funcionais mais recorrentes foram os conservadores (18,5%), estabilizantes (11%) e aromatizantes (10,5%). A maioria dos alimentos industrializados com a terminologia de ?caseiro?, ?tradicional? e seus análogos analisados neste estudo continha notificação de aditivos alimentares nas listas de ingredientes. Os resultados encontrados podem trazer evidências para o desenvolvimento de regulamentação sobre o uso desses termos em alimentos industrializados.

Abstract: There is a growing consumption of industrialized foods, especially ultra-processed foods, characterized by their high salt, sugar, oil, fat and industrial substances such as food additives content. At the same time, consumers are valuing ?homemade? and ?traditional? foods. In this scenario, terms such as ?homemade?, ?traditional? or other similar expressions have been used on industrialized food labels. This study aimed to characterize the notification of food additives on the labels of processed foods sold in Brazil containing the terms ?homemade?, ?traditional? and their analogues, claims that are not permitted in the country. From the NUPPRE/FoodSwitch 2020 label census database (n=6,259 foods), the frequency of use of the terms ?homemade?, ?traditional? and analogous expressions and the notification of food additives (presence, number and functional class) in these foods were analyzed. 251 foods (4%) were found to contain the terms ?traditional? (62.5%; n=157) and ?homemade? (37.5%; n=94). Of these foods, 180 (71.7%) contained notifications of food additives belonging to 17 of the 23 functional classes permitted in Brazil. The most recurrent functional classes were preservatives (18.5%), stabilizers (11%) and flavourings (10.5%). Most of the processed foods with the terminology ?homemade?, ?traditional? and their analogues analyzed in this study contained notification of food additives in the lists of ingredients. The results found may provide evidence for the development of regulations on the use of these terms in processed foods.