Associação da ingestão de polifenóis com mortalidade, recidiva e sobrevida em mulheres com câncer de mama

Abstract

Introdução: O câncer de mama representa uma das principais causas de mortalidade entre as mulheres e o consumo de frutas e verduras, ricos em compostos bioativos, parece contribuir para a melhora no prognóstico da doença. No entanto, a relação entre a ingestão de polifenóis e mortalidade ou recidiva do câncer de mama ainda não está completamente elucidada. Objetivo: Esse estudo objetivou avaliar a associação entre a ingestão de polifenóis com mortalidade recidiva e sobrevida de câncer de mama. Métodos: Utilizou-se uma amostra prospectiva de 95 mulheres acompanhadas por uma média de 11,5 anos após o diagnóstico de câncer de mama. A ingestão de polifenóis totais, ácidos fenólicos, flavonoides, lignanas, estilbenos e outros polifenóis foi avaliada a partir de um Questionário de Frequência Alimentar e estimada com base no Phenol-Explorer. Modelos de regressão de Cox foram utilizados para investigar a associação entre o consumo de polifenóis com mortalidade e recidiva de câncer de mama. As curvas de sobrevida foram estimadas utilizando gráficos de Kaplan-Meier. Resultados: Em uma amostra de 95 mulheres foi encontrada uma associação inversa entre a ingestão de polifenóis totais, ácidos fenólicos e lignanas e o risco de morte por câncer de mama (HR= 0.20, IC 95% [0.05-0.80]); HR= 0.09, IC 95% [0.01-0.50]; HR= 0.15, IC 95% [0.040.63], respectivamente). Os ácidos fenólicos demonstraram efeito protetor também para recidiva de câncer de mama (HR= 0.35, IC 95% [0.13-0.98]) e mortalidade por todas as causas (HR= 0.23, IC 95% [0.07 - 0.77]). O café foi o alimento que mais contribuiu para ingestão de polifenóis totais, ácidos fenólicos e lignanas. Não foram encontradas associações significativas para as outras classes de polifenóis. A ingestão de polifenóis totais foi associada a maior sobrevida quando considerada mortalidade por câncer de mama (p=0.048). Conclusão: A ingestão de polifenóis totais, ácidos fenólicos e lignanas, parece ter efeito protetor para mortalidade por câncer de mama. Além disso, a classe dos ácidos fenólicos também demonstrou efeito protetor para mortalidade por todas as causas e recidiva de câncer de mama. Estes achados são importantes para elaboração de recomendações nutricionais para pacientes diagnosticadas com câncer de mama, visando melhorar o prognóstico da doença e diminuir as taxas de mortalidade. Entretanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar estas associações.

Introduction: Breast cancer is one of the leading causes of mortality among women. The consumption of fruits and vegetables, rich in bioactive compounds, appears to improve disease prognosis. However, the relationship between polyphenol intake and breast cancer mortality or recurrence is not yet fully elucidated. Objective: This study evaluated the association between polyphenol intake and breast cancer mortality, survival, and recurrence. Methods: A prospective sample of 95 women, followed for an average of 11.5 years after breast cancer diagnosis, was used. The intake of total polyphenols, phenolic acids, flavonoids, lignans, stilbenes, and other polyphenols was assessed through a Food Frequency Questionnaire and estimated based on Phenol-Explorer. Cox regression models were used to investigate the association between polyphenol intake and breast cancer mortality and recurrence. Survival curves were estimated using Kaplan-Meier plots. Results: An inverse association was found between total polyphenol, phenolic acid, and lignan intake and breast cancer mortality risk (HR = 0.20, 95% CI [0.05-0.80]; HR = 0.09, 95% CI [0.01-0.50]; HR = 0.15, 95% CI [0.04-0.63], respectively). Phenolic acids also demonstrated a protective effect for breast cancer recurrence (HR = 0.35, 95% CI [0.13-0.98]) and all-cause mortality (HR = 0.23, 95% CI [0.07 - 0.77]). Coffee was the food that contributed most to the intake of total polyphenols, phenolic acids and lignans. No significant associations were found for other polyphenol classes. Total polyphenol intake was associated with longer survival for breast cancer mortality (p=0.048). Conclusion: The intake of total polyphenols, phenolic acids and lignans, appears to have a protective effect on breast cancer mortality. Furthermore, the phenolic acid class also demonstrated a protective effect for all-cause mortality and breast cancer recurrence. These findings are important for the development of nutritional recommendations for breast cancer patients, aiming to improve prognosis and reduce mortality rates. However, further research is needed to confirm these associations.