Abstract:
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A anemia por deficiência de ferro constitui o problema nutricional de maior magnitude em nosso meio, afetando, sobretudo gestantes e crianças. Para saúde pública, a relevância da anemia na gestação decorre não apenas da magnitude, mas principalmente dos efeitos deletérios que ocasiona na saúde e na qualidade de vida da gestante e do feto. Objetivo: Verificar a prevalência da anemia em gestantes adultas atendidas em serviços públicos de atenção primária no Município de Florianópolis, Estado de Santa Catarina. Delineamento: Trata-se de um estudo transversal com dados secundários, que teve como unidade de captação de dados, a ficha protocolizada individual de seguimento das gestantes atendidas nas Unidades Locais de Saúde do Município de Florianópolis, estado de Santa Catarina. Método: Pesquisou-se uma amostra de 360 gestantes adultas atendidas em 05 Unidades Locais de Saúde nos anos de 2003 e 2004. Foram coletados dados sócio-econômico-demográficos e biológicos nas fichas informatizadas das gestantes. A variável dependente anemia foi analisada e relacionada com as variáveis independentes (regional/bairro, ano gestacional, idade, estado civil, escolaridade, número de gestações, estatura, estado nutricional pré-gestacional, estado nutricional na consulta inicial, estado nutricional na consulta final, número de consultas pré-natal, hematócrito, exame parasitológico, suplemento de ferro, semana inicial do suplemento de ferro, idade gestacional do nascimento e peso do recém nascido). A análise descritiva foi realizada através da construção de tabelas de freqüências, distribuições percentuais, cálculo de medidas-resumo, médias, desvios-padrão, variância e Coeficiente de Correlação Linear (r). Foi testada a variável dependente com outras variáveis através do teste Qui-quadrado ( 2). Resultados: A prevalência geral de anemia foi de 21,4%. Considerando os trimestres encontrou-se 8,0% de prevalência de anemia no 1º trimestre, 24,7% no 2º trimestre e 30,2% no 3º trimestre. A média geral de Hg encontrada foi de 11,85 1,14 g/dL. O valor obtido no cálculo, r = 0,9118 indica que existe uma correlação muito forte entre estas duas variáveis e que as gestantes que apresentavam baixa Hg, também apresentavam baixo Ht. Dentre as gestantes avaliadas encontrou-se a idade média de 26,36 5,02 anos, a estatura média de 1,59 0,07 m, e a média de 2,7 1,71 filhos/mulher. Constatou-se ainda que 61,7% das gestantes apresentaram baixa escolaridade; 61,4% eram casadas; 20,6% estavam contaminadas com algum tipo de parasitose; 38,3% realizaram menos de 4 consultas pré-natal; 31,7% apresentavam estado nutricional pré-gestacional eutrófico; 51,1% apresentaram estado nutricional eutrófico na primeira consulta pré-natal; 41,7% apresentaram sobrepeso/obesidade na última consulta pré-natal realizada; 8,0% tiveram parto pré-termo; e 0,7% tiveram crianças com muito baixo peso. No que diz respeito a suplementação de ferro, constatou-se que 35,6% das gestantes não receberam a prescrição para consumo, conforme determinado no Manual de Pré-Natal publicado pelo Ministério da Saúde. Conclusão: A prevalência de anemia verificada é um problema moderado de saúde pública. Com relação ao sistema de atendimento Pré-Natal, embora a maioria das gestantes tenham se submetido a um adequado número de consultas, há evidências de que nem todas as rotinas determinadas pelo Manual de Assistência Pré-Natal foram devidamente adotadas. |