Abstract:
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Este estudo teve como objetivo descrever as características sócio-demográficas, reprodutivas, clínicas e nutricionais, bem como verificar se há associação entre determinadas características e o estresse oxidativo de mulheres com câncer de mama, atendidas na Maternidade Carmela Dutra, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Todos os dados foram coletados a partir de um inquérito padronizado e de um questionário de freqüência alimentar validado. O estresse oxidativo foi avaliado através da determinação das concentrações plasmáticas das substâncias que reagem com o ácido tiobarbitúrico, hidroperóxidos lipídicos e proteínas carboniladas, capacidade antioxidante total sérica e glutationa reduzida eritrocitária. A associação entre o estresse oxidativo e as variáveis investigadas foi avaliada usando um modelo de regressão logística. Quarenta mulheres entre 30 e 60 anos, idade média de 48 ± 7,43 anos foram selecionadas para o estudo. Entre os fatores que apresentam forte associação com o câncer de mama, foram encontradas prevalências de 40% para menarca até os 12 anos, 87,5% para uso prolongado de contraceptivos orais, 27,5% para terapia de reposição hormonal e 35% para antecedente familiar de câncer de mama em parentes de primeiro grau. Para outros fatores investigados, as prevalências foram mais elevadas em história de abortos (38%), tabagismo (50%), sedentarismo (75%), peso excessivo (70%), elevado consumo de óleos e gorduras (90%) e de carnes e ovos (85%) e baixo consumo de verduras e legumes (92,5%) e de frutas (47,5%). O modelo de regressão logística final para concentração plasmática de hidroperóxidos lipídicos demonstrou que a presença de linfonodos axilares comprometidos (odds ratio [OR]=0,07; intervalo de confiança 95% [IC95%]=0,00-0,62), consumo de laticínios pobres em gordura (OR=0,94; IC95%=0,90-0,99) e de frutas ricas em vitamina C (OR=0,49; IC95%=0,24-0,99) foram associados com concentração plasmática diminída de hidroperóxidos lipídicos e o consumo de óleos vegetais (OR=2,98; IC95%=1,12-7,93) foi associado com um maior risco de concentração plasmática aumentada de hidroperóxidos lipídicos. O consumo de carnes processadas (OR=2,20; IC95%=1,03-4,68) e gorduras de origem animal (OR=12,72; IC95%=1,09-147,82) foram fatores associados com capaciadade antioxidante total sérica diminuída enquanto que o consumo de leites e derivados (OR=0,46; IC95%=0,25-0,84) e verduras crucíferas (OR 0,57; IC95%=0,35-0,92) foram fatores protetores contra capacidade antioxidante total sérica diminuída. Na análise multivariada, a renda familiar acima de dois salários mínimos (OR=18,0; IC95%=1,63-198,5) foi associada com concentração eritrocitária aumentada de glutationa reduzida. Nenhuma associação foi encontrada, no modelo de regressão logística, entre as variáveis examinadas e as concentrações plasmáticas das substâncias que reagem com o ácido tiobarbitúrico e proteínas carboniladas. Conhecer a prevalência das variáveis associadas ao câncer de mama pode ser de grande importância para a saúde pública no que diz respeito à adoção de programas de intervenção para o controle do câncer de mama. Os resultados da associação entre estresse oxidativo e os fatores investigados podem contribuir para uma melhor compreensão do papel que essas variáveis exercem sobre o estresse oxidativo. |