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Introdução: Entre crianças e adolescentes, os fatores desencadeadores da obesidade podem ser múltiplos, sendo que a literatura tem indicado as fases intra-uterinas e os primeiros anos de vida como etapas do desenvolvimento humano nas quais podem ocorrer eventos associados à obesidade. Nesse contexto, o peso ao nascer, a idade gestacional e o catch-up growth têm sido apontados como fatores que influenciam no peso, estatura e composição corporal, em longo prazo. Objetivo: Investigar a associação entre o peso ao nascer e o diagnóstico de sobrepeso e obesidade em escolares de 7 a 14 anos, matriculados em escolas públicas e privadas de Florianópolis - SC. Método: Trata-se de um estudo transversal analítico, com amostra probabilística. Um total de 2.696 escolares (857 crianças de 7-9 anos e 1.839 adolescentes de 10-14 anos) foi investigado, analisando-se variáveis biológicas (idade, sexo, peso ao nascer, idade gestacional, peso, estatura, dobras cutâneas subescapular e tricipital dos escolares, e idade, peso e estatura dos pais) e socioeconômicas (tipo de escola, renda familiar e escolaridade do pai e da mãe). O sobrepeso diagnosticado pelo Índice de Massa Corporal (IMC) ? percentil 85 de Must et al. (1991) e a obesidade diagnosticada por esta condição mais ambas as dobras cutâneas (DC) tricipital e subescapular ? percentil 90 de Johnson et al. (1981) foram as variáveis desfecho. Peso ao nascer e peso ao nascer/idade gestacional foram as variáveis independentes, e as variáveis socioeconômicas e o IMC dos pais foram utilizadas como variáveis de controle. Realizou-se análise uni e multivariada em modelos de regressão de Poisson, estimando-se as razões de prevalência (RP) e intervalos com 95% de confiança. Resultados: A prevalência de sobrepeso foi de 31,5% nas crianças e de 21% nos adolescentes. A prevalência de obesidade foi de 10,9% nas crianças e de 6% nos adolescentes. Observou-se associação significativa entre sobrepeso e peso ao nascer - ter nascido grande para a idade gestacional (GIG), somente nos adolescentes do sexo masculino (RP = 1,14; 95% IC = 1,002 - 1,29; p = 0,04). Ajustando-se a análise para as variáveis controle, a associação foi significativa também nos adolescentes do sexo masculino, porém nos nascidos com elevado peso ao nascer (EPN) (RP = 1,14; 95% IC = 1,02 - 1,27; p = 0,03). Em relação à obesidade, observou-se associação significativa nos meninos adolescentes nascidos GIG e com EPN (RP = 1,11; 95% IC = 1,04 - 1,17; p < 0,01 para EPN; e RP = 1,12; 95% IC = 1,01-1,23; p = 0,03 nos nascidos GIG). Na análise ajustada, porém, tanto o peso ao nascer quanto o peso ao nascer/idade gestacional não se mantiveram significativamente associados à obesidade nos adolescentes. Entre as crianças não foi observada associação entre peso ao nascer e sobrepeso ou obesidade. Discussão: Os resultados referentes à associação entre peso ao nascer e sobrepeso e obesidade encontrados neste estudo corroboram outras observações encontradas em estudos semelhantes. Conclusão: A hipótese inicial de associação entre peso ao nascer e obesidade não foi confirmada na amostra investigada. Observou-se associação somente com o sobrepeso nos adolescentes do sexo masculino nascidos com EPN. |
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