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Introdução: O desenvolvimento do sobrepeso e obesidade é considerado um importante problema de saúde pública. Estudos internacionais e nacionais confirmam que o sobrepeso/obesidade tem se tornando um dos principais problemas de nutrição também em crianças menores de seis anos. No entanto, poucos são os estudos que avaliam mudanças longitudinais no estado nutricional de crianças em idade pré-escolar. Objetivo: Avaliar a incidência de sobrepeso/obesidade e fatores associados em crianças com até seis anos de idade em dois anos de acompanhamento. Métodos: Estudo longitudinal com uma coorte de pré-escolares (n = 242), de sete Unidades de Educação Infantil públicas de Florianópolis (SC), acompanhados entre abril de 2008 e abril de 2010. O desfecho foi o sobrepeso/obesidade (escore-z >+2) avaliado pelo índice de massa corporal para idade e sexo, comparado às novas curvas da Organização Mundial de Saúde de 2006 e 2007, e mensurado por meio da incidência acumulada. As variáveis independentes analisadas foram: sexo (feminino e masculino), faixa etária (? a 2 anos ou > 2 anos), tempo de permanência na UEI (período parcial ou integral), tipo de instituição (municipal ou conveniada), renda familiar per capita (por quartis de renda) e escolaridade dos pais (? 7 anos de estudo e > 7 anos de estudo). O teste qui-quadrado foi utilizado para verificar diferenças entre as categorias de fatores avaliados, sendo considerado significante p< 0,05 e intervalo de confiança (IC) de 95%. A análise de associação entre o sobrepeso/obesidade e os fatores investigados foi feita por meio da razão de incidência, com realização de análises brutas e ajustadas. Resultados: A incidência acumulada de sobrepeso/obesidade encontrada foi de 4,05% (1,4 - 6,7) na população estudada, ou seja, 20,25/ano/1000. Entre as 222 crianças sem sobrepeso/obesidade em 2008, 9 (4%) delas passaram a compor o grupo com sobrepeso/obesidade em 2010. Já entre as 22 crianças que apresentavam este sobrepeso/obesidade em 2008, 8 (36,4%) delas permaneceram com nesta situação em 2010 enquanto as 12 restantes passaram para a eutrofia. Assim, a prevalência de sobrepeso/obesidade diminuiu de 8,3% (4,5 - 12,1) em 2008 para 7% (3,5 -10,5) em 2010, não apresentando diferenças significativas. Nenhum dos fatores investigados associou-se significativamente ao sobrepeso/obesidade nesta população. Discussão: A prevalência de sobrepeso/obesidade encontrada neste estudo foi inferior ou semelhante a encontrada em outros estudos nacionais com o uso do mesmo padrão de referência. Diferente de outros estudos, a maior escolaridade materna, embora não tenha sido significante (razão de incidência: 0,14; intervalo de confiança: 0,02 - 1,25), indicou uma tendência de proteção para o sobrepeso/obesidade conforme o aumento dos anos de estudo da mãe. Conclusão: Mesmo sem o aumento na prevalência, 9 crianças desenvolveram sobrepeso/obesidade no período de acompanhamento, um número que se torna expressivo devido aos agravos associados ao sobrepeso infantil. A escassez de estudos sobre a incidência de sobrepeso/obesidade na população infantil demonstra a necessidade de que mais estudos longitudinais sejam realizados, abrangendo um maior número de pré-escolares e que incluam além da incidência de sobrepeso/obesidade outros fatores como a influência do estado nutricional dos pais no estado nutricional dos filhos. |
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