Abstract:
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Nos últimos anos, as doenças cardiovasculares têm-se constituído a principal causa de morte no Brasil e no mundo, sendo as enfermidades mais frequentes a aterosclerose, infarto do miocárdio e hipertensão. A eficácia da prevenção ou tratamento da aterosclerose depende da eliminação dos fatores de risco modificáveis, estando a alimentação inserida como um dos principais componentes da categoria estilo de vida que necessitam de intervenção. A ingestão de lipídeos totais e colesterol têm relação direta sobre o desenvolvimento da aterogênese. Segundo recentes estudos, os frutos do mar, em especial os mexilhões, contêm baixos teores de colesterol e uma grande proporção de ácidos graxos polinsaturados, dentre eles o w-3 relatado como protetor na redução do risco de doenças cardiovasculares. Os objetivos deste trabalho foram, determinar os teores de colesterol, triglicerídeos e ácidos graxos de mexilhões Perna perna da região de Florianópolis/SC e avaliar os efeitos de uma dieta à base de mexilhões em relação ao perfil lipídico (LDL-colesterol, VLDL-colesterol, HDL - colesterol , triglicerídeos e colesterol total) em cobaias Cavia porcellus, quando comparado à uma dieta tendo como fonte protéica a carne bovina. As cobaias foram divididas em 4 grupos(6 animais/grupo): 1.grupo zero (tempo zero do experimento); 2.grupo controle (dieta à base de caseína - AIN/93); 3.grupo carnes - recebendo dieta à base de carne bovina (AHA, II NCEP/1996) e 4.grupo mexilhões (dieta grupo carnes com substituição da carne bovina por mexilhões). Os animais foram anestesiados com éter etílico para a coleta das amostras de sangue através de punção cardíaca, no tempo zero e final do experimento após 12 horas de jejum. As análises de lipoproteínas, colesterol e triglicerídeos plasmáticos foram realizadas por método enzimático (Kit Labtest Diagnóstica e Wiener Lab). Os mexilhões foram analisados por HPLC (AOAC, 1989) para identificação do perfil de ácidos graxos. Não houve diferença em relação ao ganho de peso corporal e ingestão de alimentos entre os grupos após o experimento.Em relação ao perfil lipídico, os animais que receberam dieta contendo mexilhões, apresentaram valores de colesterol-total, triglicerídeos e LDL-colesterol menores do que os demais grupos, respectivamente 72,46 mg/dL, 81,19 mg/dL e 34,96 mg/dL.Para os valores de VLDL-colesterol e HDL-colesterol houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p< 0,05). Sugere-se portanto, que a ingestão de mexilhões não alterou o perfil lipídico em cobaias, possivelmente pelo seu teor de ácidos graxos polinsaturados (w-3) EPA (11,27%) e DHA (12,53%), apesar do elevado teor de colesterol (47,28 mg/100g). Assim, é possível a recomendação do consumo de mexilhões e incorporação em guias nutricionais para prevenção de doenças cardiovasculares desde que orientados em relação à quantidade, frequência de ingestão e modo de preparo deste alimento. |